dia 34 – janela indiscreta

Café preparado. Bolacha a postos. Agora é só abrir a janela imensa do apartamento que dá para a frente para o bloco vizinho. Janela essa que acabou se tornando minha tv na falta de uma propriamente dita.

No primeiro andar, uma senhora que antes tricotava perto da janela decorada com crochê, agora assiste tv o dia todo. Agora no varal, no lugar do maiô de hidroginástica, roupas de cama. Já não recebe mais a família para o almoço de domingo. Mas participa avidamente do panelaço as 20:30 hr.

No segundo andar, apesar das temperaturas mais amenas, começando a esfriar, o casal continua usando roupas de verão super curtas, ou só cueca no caso masculino. A escolha de roupas também já é hábito da filha, uma menina que agora passa todos os dias no apartamento. De longe, nada parece ter mudado muito por ali, fora a presença constante da filha.

No terceiro andar, um cachorro preto e branco vive olhando pela janela. Meu companheiro de observação provavelmente odeia morar em um apartamento de 1 quarto. A noite, na sala, por de trás das cortinas, o cômodo é infiltrado por uma luz azul arroxeada. Já não vejo mais se fazem sessão de karaokê em frente ao computador, já que agora as cortinas ficam fechadas quase o tempo todo.

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