8 de março de 2021

Eu me sentia mínima, pequena, menina. Ao meu lado e por mim, sentia mulheres mães fortes e grandiosas.

No mesmo ano que me tornei mãe, me senti mulher. Vi a potência de gerar, parir e alimentar. Não precisa ser assim para todas, mas pra mim foi. E ainda assim hora ou outra ainda estremeço em me dizer mulher. Me pergunto o que que há de errado aqui. E sigo em busca de respostas enquanto sigo sendo.

Venho de uma árvore familiar de gigantas. Entre todos os nomes são os femininos os mais ditos e chamados.

Isso é belo, porém denso. Uma resposta surge.

Chamar-me de menina foi forma de não querer assumir certas cargas, afinal, entre contos e viveres ao lado de cada uma delas – pilares fortes do meu desenvolvimento- eu via as ditas heroínas com suas belas capas e conquistas, porém, machucados e cicatrizes a se perder de vista.

E assim eu, sem nem perceber, queria ser como elas se tornaram, mas não pelos mesmos meios.

O dia da mulher quer falar sobre seres imbatíveis, anjos na terra, padecidas do paraíso, humanas fortes como rocha, pessoas que suportam dores extremas no silêncio dos anos… Quer falar sobre belezas que oprimem, cargos e salários nos quais elas lutam para caber, relações sustentadas por um fio por anos e anos.

Eu, hoje, quero repensar sobre ser menina, sobre ser mulher. Quero esvaziar a mochila pesada com padrões, formas e jeitos de ser mulher que pesam e maltratam minha caminhada.

E então me sentir mulher livre, que nasceu mulher e escolheu continuar sendo, buscando formas novas, reais e leves de mostrar para as meninas de hoje que a gente é mulher desde o ventre porque é! Não por nada, nem por ninguém.

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