No fone começou a tocar “Maktub particípio passado do verbo Kitab. Maktub significa: ”estava escrito“; ou melhor, ”tinha que acontecer“. Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angustia, Não é um brado de revolta contra o destino, Mas sim, a reafirmação do espírito plenamente resignado diante dos desígnios da vida.” (https://www.youtube.com/watch?v=b0WhCLTdmBU)
Pouco antes dessa música vir eu tava pensando naquela noite do dia 12.
(E escrevendo aqui acabo de perceber mais uma coincidência. 12. Calma que eu explico isso mais lá pro final. Já vi que esse texto vai ficar longo e confuso. Já vou me desculpando desde já).
E pensando na noite do dia 12 – só que dessa vez o dia 12 é de junho – me vem memórias muito boas. Apesar do dia turbulento, cheio de estresse, gritos, xingos, dor de cabeça, trabalho, tudo errado, estresse, falta de coragem, pensamentos de pegar o rumo do desistir e do não existir, preguiça. Sono. Filme romântico meia tigela. Dormir. Sono profundo, sonho bom, despertar no pulo. 22h03. Putz era pra eu tá pronta indo pra casa dele!!!
Acordei e tava animada, o sono e a ideia de sair de casa pra ir em uma casa nova me animou, há tempos isso não acontecia de forma segura (de acordo com meus cálculos era mais seguro eu ir na casa dele do que ir ao mercado, afinal os dois estão devidamente quarentenados. Enfim, sem julgamentos.) Banhei, escolhi o vestido de estrelas, eu queria brilhar os olhos dele quando me vissem, um blaser preto pra quebrar o tênis todo surrado e o famigerado cabelo de maluca que ele tanto falava. Maquiei, mas não muito, além da máscara eu pretendia tirar a maquiagem entre um beijo e outro… Comemorei a sorte do meu perfume preferido ter chegado na semana anterior. Pedi o endereço, o app da Uber deu risada da minha cara de tão barato, rs.
Saí de casa falando “vou comemorar o dia dos namorados com meu futuro namorado” (coitada, mal sabia) meus pais não concordaram, afinal, pandemia né. Mas fui, segui meu coração.
“Tô indo”
“Me manda sua localização que te espero chegar no portão”
… Compartilhar localização em tempo real por 15 min…
O caminho no uber pareceu eterno, eu tagarelei como nunca, fiz amizade, dei meu cartão e ofereci meus serviços. O motorista era muito gente boa e tinha uma visão de futuro que o enchia de sonhos, adorei. Quero poder fazer parte dessa história um dia, inclusive. Mas bem, papo vai papo vem e eu não vi quando chegou, passou da casa… fiquei perdida, não conhecia aquela rua que todo mundo conhecia. Normal, nunca fui boa com localizações, mapas, geografias e afins. O uber disse “moça é um pouco mais para trás, só voltar a rua”. Olhei pra trás e ele tava lá no portão, me acenando. Vergonha por ter me perdido. Segui andando, dei meu melhor pros passos não retratar a minha ansiedade e o frio na barriga, que inclusive tô sentindo agora refazendo a cena na minha cabeça.
“Olha só quem chegou!” eu berrei! Às 23h30! No portão da casa dele! COM ELE DO MEU LADO!!! Por que eu berrei, Deus?
Ele me pediu pra falar mais baixo, porque tinha gente dormindo nos quartos ao lado e eu queria me enfiar no primeiro buraco de chão que eu visse… Subimos. WOW! QUE QUARTO! parecia um camarim de teatro, certeza que foi essa a inspiração.
“Vem ver minha vista”
“WOW!” mais um berro “ai desculpa! Wow (baixinho) da pra ver a cidade toda daqui, qual dessas será que é minha casa? hahaha”
“Vou pegar água”
Muitos assuntos rolaram, vi vários videos, músicas e produções autorais. Se ele queria me encantar com o dom natural de ser artista, ele conseguiu. Parabéns, inclusive. Contei dos meus projetos, dos meus objetivos e de alguns devaneios tolos.
“Deixa eu ver suas tatuagens”
“Ah sim! Vamo começar do começo, tem uma aqui… outra aqui… outra aqui… e várias aqui…”
Poxa, o toque dele foi tão delicado, suave e respeitoso pra ver as tattoos. A luz do quarto tava colorida, um tom bem clarinho de azul, que bom que a gente entrou, eu ia viajar demais nas luzes da cidade com aquela vista lá fora.
Muitos assuntos rolaram, mais projetos, mais trabalhos, mais devaneios. Um cigass foi aceso, que saudade que eu tava dos puxes. Bem bolado o fino. Muitas risadas com os nomes dos meus gatos. Gatos parrudos e gatos anões. Muitas risadas com histórias de roles. Muitas risadas. Play em uma playlist muito específica pra ele.
“Eu tô com muita vontade de te beijar”
“Beija”
Nesse instante eu entrei em frenezi, toda a minha atenção foi parar no encaixe das bocas. Eu nunca imaginei em toda a minha vida que pudesse existir essa sensação. Eu saí de mim. Os lábios se tocavam tão suavemente e com tanta intensidade que era impossível separá-los. O frio na barriga foi substituído por um fogo inexplicável e que não era um fogo de tesão. Foi um beijo realmente apaixonante. Começa a tocar uma música que fez referência em uma de nossas conversas cotidianas “você me provoca muito… as vezes stalkeio seu insta… tava fazendo isso agora… imaginando os beijos e carinhos dela… e eu moro vizinho a ela (praticamente)… haha” link “peguei a ref”
“Que boca gostosa!”
“A sua também”
“Vamos lá pra fora?”
Tava meio friozinho e eu tava de vestido, se pudesse ficar dentro eu ficaria. Mas aquela vista estava tão incrível, eu tinha que sentir o seu beijo e ver aquelas luzes ao abrir os olhos.
“PORRAAA! OLHA AQUELA LUA! Se te beijar la dentro foi bom, imagina te beijar sendo banhado por essa lua…”
“Apaixonante…” respondi.
Mais uma entrega. E dessa vez a lua cheia assistiu tudo de camarote, enquanto estava a caminho do minguar. Em algum momento ouvi Marcello cantar “Fazemos a lua sentir inveja de não ter alguém…”. Suas mãos passeavam pelo meu corpo como se tivessem gps de todos os pontos estratégicos e mais excitantes, passou pelos meus lábios e não resisti. Carinhos pelo rosto são minha especialidade, os fiz. Dedos nos lábios, ele chupou meus dedos, eu explodi. Me controlei. Ou quase. Gemi. Explodi. Senti dois dedos. Explodi. Mais algumas entregas extremamente intensas e molhadas.
“Vamos pra cama?”
“Só vou se você não parar de me beijar”
Abri a porta e dei de cara (ou ouvidos) com a minha música preferida “Pela Luz dos Olhos Teus”, eu sorri e rodopiei alegremente. Ele não entendeu nada. Deitamos.
“Espera 1 min”
A música voltou a tocar do início.
“Agora sim.”
Mais beijos, mais mãos, mais carinhos no rosto, mais toques firmes, mais intensidade, mais tesão. Olho no olho e “quero a luz dos olhos meus na luz dos olhos teus sem mais lara-ra-ra…” Indescritível. Sinceramente, não consigo transcrever todo sentimento que transborda até hoje em mim. Desculpe, mas hoje, exatamente nessa madrugada de quarta-feira as 3h do dia 17 de junho de 2020 eu entendi o real significado de sentimento indescritível.
Depois de muito a entrega se concretizou deliciosa e despretensiosamente. Sussurros de tesão pra cá, cafunés pra lá, carinho dedo acolá e muita satisfação na troca de olhares.
Eu, moça forte, de longa trajetória e indecisa sobre romances tinha acabado de apreciar um dos encontros mais apaixonantes da vida e seguia com o pensamento focado no desapego. “Não quero e não vou sofrer. Me entregar é sofrer”. Logo me peguei conversando com uma das vozes da minha cabeça e a voz dizia “É seguro sentir. Esse é o seu momento de colheita. Plante paz e calma que você colherá paz e calma. Siga segura. Esse é pra você. Aproveite. Ame.” Obedeci. Amei. De verdade.
Noite a dentro, amei mais ainda. Não arredei o pé da conchinha nem por um minuto. Queria morar naquele abraço. Dei graças por esse momento. Dei graças pela coragem de viver esse momento. Dei graças.
…
“Eu sou péssima pra nomes de gatos. Minha primeira gata se chamava Galera…”
“Galera???” morrendo de rir
“Sim! Galera”
Crise de risos e comentários sobre a Gata Galera.
…
Obrigada.
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