Menos de 95, não!
O oxímetro é um aparelho que avalia a quantidade de oxigênio no sangue e os batimentos cardíacos. Aqui em casa temos um equipamento portátil, do tamanho de um controle remoto de portão eletrônico. Ao colocar o dedo indicador logo começa a calcular e mostrar os números no visor eletrônico. Na cor verde aparece o resultado da quantidade de oxigênio no sangue e na cor amarela os batimentos do coração, os dois resultados oscilam de acordo com o organismo.
Na parte inferior do visor seguem aqueles gráficos em zigue-zague igual dos aparelhos de UTI em hospitais.
Desde de sexta-feira, quando começamos o monitoramento, os números reforçam o que é percebido pelos sintomas: cansaço e fraqueza. Oxigênio entre 95 e 96 e batimentos entre 60 e 70. Isso numa média durante a medição feita em vários horários do dia, quase de hora em hora.
Mas o que isso significa?!
De acordo com a filha acadêmica, que começou a exercer a medicina antes da hora por força maior, a oxigenação não pode baixar de 95. O sinal de alerta é para que se isso acontecer é hora de correr. Ou seja, deixar a internação domiciliar e buscar auxílio médico em unidades de saúde. Lá será necessário suplementar com o tal “O” da tabela periódica.
No meio disso tudo o domingo passou. Deitada na cama enorme, sonolenta, mas com pausa para a maionese, costela assada, arroz, refrigerante e sobremesa. Mas todos tinham o mesmo gosto, ou seja, nenhum! À espera pelo tempo, recuperação e exames tem gerado uma confusão de sentimentos. Momentos solitários e distantes.
A segunda-feira vem no mesmo instante que o leite com café, banana com aveia e mel e misto quente chegam no quarto numa bandeja. Hora de tomar os remédios e fazer ligações para agilizar os exames. Mas logo vem a informação de que no laboratório particular não é possível fazer por falta de testes. Então o jeito é recorrer ao sistema público lotado. Busquei o número do Call Center e entendi que existem dois sistemas, um coordenado pelo governo do estado e outro pela prefeitura. As ligações para os números estaduais foram feitas várias vezes, sem sucesso porque ninguém atendeu. Parti para a segunda opção, a municipal, que logo na mensagem inicial alertava para uma fila de espera de dez minutos para receber atendimento. Gostei da sinceridade, já que não ficou somente aquela música clássica sem fim. Assim conforme a proximidade outro alerta era emitido com a redução da fila. Uma mulher começou a falar e com perguntas básicas fez a minha ficha no SUS. Informou que com os dados em mãos um médico do sistema entraria em contato para avaliação. No fim da tarde o médico ligou, fez mais perguntas e falou que iria me encaminhar para consulta presencial no CEM (local selecionado pela prefeitura para atendimento com suspeita de Covid). Disse ainda que uma pessoa deveria me ligar novamente para marcação de consulta no dia seguinte (terça-feira), o que não aconteceu. Ou seja, uma paciente com suspeita da doença mais letal desse planeta é literalmente esquecida à própria sorte!
𝙱𝚁𝚉
𝙹𝚞𝚗𝚑𝚘/𝟸𝟶𝟸𝟶
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